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Lua cheia

Rosinha sou eu, Me perdi pra te encontrar Fechei o portão pra encerrar Me desaguei para me curar Não mesmo, coração Não me arrependi de entregar Se não fosse assim, meu bem Não seria eu Imagina me trair por não sentir De rosa, Me despi dos meus espinhos Para não ferir Me espremi para te confortar Mas tudo bem, Cada um dá o melhor que tem E se sabes, sou grande demais Para caber De onde venho, Eles arrendam pra eu passar O toque que chama é forte Meu girar espanta É meia-noite, Lua cheia e o champanhe derrama Não, Não se duvide Não se engane  De quem volta lá debaixo da terra Gargalhando. Bárbara Primavera  

Praia anoitecendo

Agora há apenas um espaço  Como esse lá fora, uma distância infinita  entre eu, você e as verdades,  espero mesmo  que a gente continue se desencontrando Que os ventos nos soprem direções contrairias  Que os caminhos sejam preenchidos de novas lembranças Que a vida sempre, sempre exerça a sua natureza: a mudança  Para entender que O teu abraço, O lugar no teu lado e dos teus olhos, nada me cabiam ali Foi sempre pequeno e eu com tanto sentir  E você me pedindo pra ser menos  Como? como segurar um oceano inteiro no peito? Para lhe dar conforto me espremia ali no canto  No canto das tua incertezas  Na certeza que em algum momento  Eu poderia sentir tudo sem medo... Até que aceitei, que o mar não funcionada para barco pequeno.

Diante deles

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Arquivo pessoal A maioria deles tem um poema Às vezes esquartejados em palavras Aquelas tão duras de cortar Dou sempre o que de melhor tenho: Meus poemas  Se trazem incertezas e medos  Apatias, por vezes  Os-deixo alí  Talvez seja o que de melhor conseguem  Não julgo, o sentir falado é para poucos  Sim, haverão fins de tardes  Os quais o sol não aparecerá se pondo  Mas não deixarão ser finais  São como “os quase” É como se o amor começasse às 17h E antes que as rosas falassem  Ele acabasse no anoitecer Cuidado meu  Para não estender tanto Enterro digno  Faço embelezar  Como fazermos com os mortos  Colocamos numa caixa com flores  Por vezes choramos  E falamos bem Antes que vire cinzas  Repito  Dou o que melhor tenho Nesse momento: Este poema e O Adeus. Bárbara Primavera  

Rascunho 01

Enquanto ainda cozinho Quase não acreditei Não havia espaçotempo Não tinha anotado em nenhum lugar Mas acredito: o que deixa saudade Foi bom Diante dos emaranhados dos textos dos homens É na Poesia/Mulher que vejo a minha necessidade Apesar da não constância da prática É como rever um amigo e contar Os amores que passaram As coisas que não entendo E quanto estou cansada A parte que me cabe aqui é dizer que a rotina não é ruim Ruim é viver só ela Não posso fazer uma poesia longa Estou cozinhando carne para amanhã Como posso reclamar dela, se hoje faço um almoço gostoso para amanhã? Culpa dela Preparo o amanhã, se vier está pronto Se não vier, estará pronto mesmo jeito Assim, a poesia como uma mulher sempre está pronta. B. Primaver a

Céu

Lugar dos sonhos  

Seis e meia

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  Karolina Kory Seis e meia Você talvez merecesse meio poema Meio beijo, meio desejo, meio afeto Mas como você não me conhece, Como você não me conheceu E não te contaram que não sou assim? Meia noite não vale a pena. Por mais que a pele queime e A gargalhada ecoe nos nossos vazios Das 20 ligações do Baco eu sabia Que nenhuma seria pra mim. Mas tentei entender seus cacos Pra quem sabe um dia juntar Os meus e os seus Em um domingo a tarde montar um mosaico De corpos doloridos e confusos E deixar ao sol para que brilhem Mas ao invés disso, vou te dar um poema inteiro Talvez poucas coisas por inteiro você teve. A gente poderia ser sido tanta coisa E não foi nada E talvez ser “nada” Foi a melhor coisa que poderia ter sido Quebrada demais para correr o risco Que você me quebre ainda mais.  bárbara primavera

Terça-feira

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Nikki B Terça-feira  I Ontem lavei minhas roupas de madrugada  Para chorar ao sereno do frio E raivar ao sol de meio-dia Mas choveu o dia todo  E eu também não fiz questão  De as tirarem da corda  Vai que amanhã os ventos soprem forte E as levem para passear por aí Já que não tenho pregadores E eu irei ao mercado como sempre quis.  II   Pela tarde ao sair Pintei uma sombra marrom  Por cima dos olhos para combinar com as de baixo  Mas não fiz a pele Esmaltei as unhas de rosa  Mas não tirei as cutículas Colei outros cílios por cima dos meus  Mas usei óculos  Passei um batom bonito  Mas usei/uso máscara  Às vezes  duas  Levei dois livros  Mas não li nenhum  Escrevi esse poema  Enquanto recusei uma ligação De são Paulo  No meio de tanta gente  Um café que me deu azia  E uma cadeira desconfortável  Comi bolo de cenoura  Ao voltar para casa  Me sentir linda,  pois ...